Paulo, o filho mais velho de Ferreira Gullar, é esquizofrênico – doença que o seu irmão mais novo também possuía. Certa vez, ao recém sair de uma crise, resolveu por bem observar o vento. Então disse ao pai que “o vento no rosto é sonho”. Ele perguntou se o pai sabia disso. Provavelmente não sabia, mas aprendeu. Aprendeu e fez um poema desse episódio.
Dias dezessetes me soam graves. Hoje, enquanto andava pela rua vazia, senti um vento cortante no rosto e lembrei dessa frase “ o vento no rosto é sonho”. Eu não sabia disso, mas aprendi. Da mesma forma que, já faz um bom tempo, aprendi o quanto a poesia de Ferreira Gullar é boa, intima. O aprendizado veio de presente, das mãos mais lindas que já vi. O livro veio, por obrigação; depois a desolação.
Eu confesso, nos dias de inverno permito afoita que ele me beije. Ele é insano, me beija e beija a todos. Depois segue sozinho, como eu. Hoje, por um instante, achei que Paulo tivesse razão, “sim, o vento no rosto é sonho!”.
Toda manhã pela rua enquanto eu passo, meço a angustia que repousa leve, no orvalho das folhas verdes e brancas. Piso macio para que ela não desperte e não pouse densa no meu dia. Grito calada: “não sou daqui!!!”. Ninguém ouve. Então sinto o vento, o beijo mais uma vez, e percebo que somente “a loucura deve ser elogiada”. A minha, a sua, a de Paulo, a de Erasmo.
Mas louco é quem me diz que não é feliz. Eu sou! Paulo é! Erasmo era!
Dias dezessetes me soam graves. Hoje, enquanto andava pela rua vazia, senti um vento cortante no rosto e lembrei dessa frase “ o vento no rosto é sonho”. Eu não sabia disso, mas aprendi. Da mesma forma que, já faz um bom tempo, aprendi o quanto a poesia de Ferreira Gullar é boa, intima. O aprendizado veio de presente, das mãos mais lindas que já vi. O livro veio, por obrigação; depois a desolação.
Eu confesso, nos dias de inverno permito afoita que ele me beije. Ele é insano, me beija e beija a todos. Depois segue sozinho, como eu. Hoje, por um instante, achei que Paulo tivesse razão, “sim, o vento no rosto é sonho!”.
Toda manhã pela rua enquanto eu passo, meço a angustia que repousa leve, no orvalho das folhas verdes e brancas. Piso macio para que ela não desperte e não pouse densa no meu dia. Grito calada: “não sou daqui!!!”. Ninguém ouve. Então sinto o vento, o beijo mais uma vez, e percebo que somente “a loucura deve ser elogiada”. A minha, a sua, a de Paulo, a de Erasmo.
Mas louco é quem me diz que não é feliz. Eu sou! Paulo é! Erasmo era!