terça-feira, 26 de julho de 2011

Quatro coisas e um adeus

Ele partiu. Você se entregou inteira.
Feito a maré que vem num ritmo macio e ainda assim arrasa o que estiver na costa. Maciez e cautela, na verdade, abrigam intensidade. Foi ausência de maturidade. Da parte dele. De ambas as partes.
Vou dizer que vai passar, aconselhar um bom uísque. Afinal, ele cura tudo, mesmo que num prazo bem curto. Mas, infelizmente, ainda não ensinaram o amigo de Bukowski a preencher vazios.
Você vai rir, vai chorar, vai sorrir inquieta, trajando uma alegria vazia. Talvez passe amanhã, semana que vem, ano que vem. Mas vai passar. Feito um pássaro distante, que existe somente quando a ausência se faz presente diante dos olhos.
Fernando Sabino ensina que de tudo restam três coisas. Eu acrescento uma. Sendo assim, de tudo ficaram quatro coisas: um all star esquecido, um fone de ouvido defeituoso, uma insana fome de silêncio e uma doce inspiração súbita.
E o melhor da solidão, mesmo que breve, é justamente isso: fome de silêncio e inspiração súbita.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Brisa leve

Para saudar a existência
O peito trajou-se de rubor
Atento a razão alheia

Diante do espelho:
“É apenas dor.
É só dor”.
Consentida.

Nessa inquietação rotineira
O peito pode trajar-se do amor,
Que cada degrau norteia.

Assim como a incerteza
emudece toda razão,
a tormenta pode ser brisa leve.
E plena.