terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

↕ Halellujah

O azul na base da chama o encanta! É um encantamento que lhe toma por inteiro, intensamente. Não tem nome, mas tem cor; é azul.

Então, com uma leitura ofegante em voz alta, sob a luz flamejante da vela dá por si com os traços do terno rosto alheio; sorrindo nos versos que acaba de recitar.

Céus, como ele deseja essa chama, sua brasa. Repete:

Me abrase.

Me perturbe.

Me abrace.

Como a voz póstuma escarrou em uma canção, “amar é atirar em quem te desarma”. E como o poeta disse outrora, “é ser fiel com quem te mata!”. E agora ele está aí, desarmado e fiel; em decomposição. Como aquela chuva que molha, mas na pele não é sentida. Como aquela música que nunca mais foi ouvida. Tudo não passa de dor consentida. Até que a vela apaga e o azul se dissipa; vira fumaça.

Um comentário:

Vani disse...

Como diz Lacan: "amar é dar o que não se tem"... e quando a chama acaba ele continua realmente dando alguma coisa, ainda que com chama desse o que não tem, pq todos nós só podemos dar uma coisa, a falta.
Ps: se ninguém entender o que acabei de falar, lembre-se que aqui é o dito da sandice, como a própria autora afirmou...rs