Queria dominar um jeito singelo de bater à porta. Apertar no
peito toda angústia de perder o zelo que mora do outro lado. Sem esmorecer.
Tampouco desdizer que do amor se faz o medo. Feito aquela flor que se fez tão
linda – e teima em existir, pelos restos úmidos e secos guardados numa caixinha
de veludo. Ai o coração acelera, a voz falha. Reconheço, o que me domina é o
amor; e só ele. Mas, ainda assim, há dias em que tudo veste desapego e ilusão.
Na ânsia por uma canção no estilo Billie Holiday, soma-se as impressões, os
devaneios de uma mente insana e, como resultado, acena a saudade. Enquanto a
saudade estiver aqui e continuar me matando, sou feita do quê? Ora, de amor, já
disse. Mãos, cabelo, olho e boca – sou toda amor? Sim. Mas, por que continuo
aqui, encurtando o elo que um dia conduzirá as minhas despedidas? Por que
desaprendi com o tempo a admitir que preciso das pessoas? Se eu entrar, você me
diz? Calma, ainda almejo um jeito singelo de bater à porta. Toc, toc.