domingo, 20 de setembro de 2009

Duas versões sem versos

I


Você tem a alma de um passarinho e eu falo com gatos. Eu sonho contigo, sonho que acordo do seu lado. No sonho, você me olha com ternura e diz “o que foi?”. Então eu acordo e você não está aqui. Mas você já ouviu essa história, atenta. Esperei uma resposta, mas seus lábios não disseram nada. Você baixou os olhos, ficou olhando para a xícara e depois rio um riso abafado. Queria poder te ver todos os dias, ter coisas interessantes para te dizer. Ao menos eu te faço sorrir. Fico imaginando mil e uma formas de chegar em você, mas me falta coragem.


Queria não ser tão covarde.


II


Se a morada da alma é o peito, então o meu peito tem como inquilina a alma de um pássaro. É, eu tenho no peito a alma de um pássaro e você fala com gatos. Se a alma morar no coração, a minha estará ao relento, pois dúzias de sonhos tomam meu coração por inteiro. Por isso, não queira ficar, guarde esse amor e não prenda a minha alma de passarinho. Eu só quero o seu café. Ouvir suas histórias e reparar no desenho da sua boca. Ficar horas sentada diante de ti, procurando a ilusão que mora no fundo de cada xícara vazia, e nada mais.


Queria não ser tão covarde.

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