Antes de mais nada: sim, é um bestseller. Confesso que a leitura
sugerida por uma amiga foi adiada durante dias, em que o livro emprestado ficou
ignorado. Até que um “por que não?” desprendido de preconceito me apresentou um
livro emocionante. “A mulher do viajante
do tempo” (2003), livro de estreia da americana Audrey Niffenegger, conta a
história de um casal atípico. Henry viaja no tempo. Clare aprendeu, desde
criança, a lidar com a ausência e a presença dele.
Henry não tem controle sobre as
viagens que faz. Se teletransporta para o passado e para o futuro sempre que
algo perturba seus ânimos. Foi assim que apareceu pela primeira vez a Clare;
ela com seis anos, ele com trinta e seis: “É difícil ficar para trás. Espero Henry,
sem saber dele, me perguntando se está bem. É difícil ser quem fica”, revela
Clare, dando início ao livro. Nessas idas e vindas, Henry a viu crescer, se tornar
mulher; permanecendo mesmo depois de ter partido: “Odeio estar onde ela não
está, quando não está. No entanto, vivo partindo, e ela não pode vir atrás”,
compartilha Henry.
Audrey Niffenegger conduz um diálogo
entre os sentimentos e impressões de Henry e Clare, narrando a história através
de duas vozes. Não há somente desordem cronológica neste livro. As páginas
apresentam muito, muito amor; seja na incessante e angustiante busca de Clare
por ter um filho; nas visitas de Henry ao passado para ver a mãe que morreu; na
procura pela cura de Henry; ou quando Henry perde a única coisa que o acalma e
o impede de viajar descontroladamente: a capacidade de correr.
Do início ao fim, “A mulher do
viajante do tempo” mostra que o tempo não existe, é uma convenção; e através
dele um amor pode sim durar para sempre, vencendo o passado, o presente e o
futuro.
p.s: Leia o livro antes de
assistir ao filme. Ouça a canção Travelin' On, de Norah Jones (abaixo).