“Pega um cd pra mim no porta-luvas?”.
Puxei a portinha e lá dentro um laço roxo enfeitava, de um jeito
singelo, o que indicava ser um presente. Hesitei, olhei pra ele como
quem questiona: “É pra mim?”. Ele acenou que sim, era. Peguei, reconheci
um livro do Voltaire e um cd, coletânea de Vinicius e Toquinho. No dia
anterior, eu completara 20 anos. O presente de aniversário
estava no meio de um pedaço de papelão decorado com recortes de
cartuns, desses publicados em tirinhas de jornal. Não foi o presente,
foi o embrulho meio artesanal. Tudo cortado e colado minuciosamente. O
imaginei escolhendo as histórias, as recortando e colando uma a uma, até
se tornarem um mosaico. Quem era ele, alguém que mal me conhecia e já
demonstrava tanto carinho e entrega por mim? Quase cinco anos depois,
ainda o reconheço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário