segunda-feira, 2 de junho de 2014

Sobre cartuns, Voltaire e o tempo

“Pega um cd pra mim no porta-luvas?”. Puxei a portinha e lá dentro um laço roxo enfeitava, de um jeito singelo, o que indicava ser um presente. Hesitei, olhei pra ele como quem questiona: “É pra mim?”. Ele acenou que sim, era. Peguei, reconheci um livro do Voltaire e um cd, coletânea de Vinicius e Toquinho. No dia anterior, eu completara 20 anos. O presente de aniversário estava no meio de um pedaço de papelão decorado com recortes de cartuns, desses publicados em tirinhas de jornal. Não foi o presente, foi o embrulho meio artesanal. Tudo cortado e colado minuciosamente. O imaginei escolhendo as histórias, as recortando e colando uma a uma, até se tornarem um mosaico. Quem era ele, alguém que mal me conhecia e já demonstrava tanto carinho e entrega por mim? Quase cinco anos depois, ainda o reconheço.


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