Não sei ao certo dizer. É o que está escrito incontáveis vezes, no papel que minutos atrás estava em branco. Ela faz perguntas em pensamento, e as respostas saem rabiscadas com aquela sua letra torta: Não sei ao certo dizer. E ela não se cansa, e continua: Quem é você que mora dentro do espelho? Por que me olha desse jeito? Não sei ao certo dizer. O que nos faz vivos? O que nos mantêm aqui? Não sei ao certo dizer. E então se pega de mãos dadas com a esquisitice que sente enquanto respira. Que dorme e acorda do seu lado. Ela teria que parar de respirar para essa esquisitice ir embora? Não sei ao certo dizer. Em meio a tanta sandice, sente aquela incontrolável “leveza do ser”, que passa e volta. Coisa chata, repetitiva, feito sessão da tarde – ela odeia rever o mesmo filme. Mas é uma sensação boa, que a faz sentir-se viva. Como é bom estar viva! E continua a se perguntar quem é a estranha que lhe persegue nos espelhos. A resposta é a mesma. Não sei ao certo dizer. Afinal, o que a faz viver, e o que a mantém aqui? Não sei ao certo dizer. Sabe apenas que para continuar viva precisa achar tais respostas, pois se na vida vence o mais apto – Darwin o sabichão da grow – então é bom encontrá-las, e rápido. Afinal, somos “canibais de nós mesmos” – o poeta vive, pelo menos pra ela! Porque que a gente é assim? Não sei ao certo dizer. Agora lembra de uma frase que leu certa vez em um livro, que dizia o seguinte: “Pior do que cometer um assassinato é roubar o direito de alguém nascer.” Sábias palavras de quem mesmo? Não sei ao certo dizer. O que nos faz vivos? O que nos mantêm aqui? Quando essa esquisitice largará a minha mão? Quanto tempo ainda tenho na teoria darwiana? O que nos faz canibais? O que nos faz roubar direitos alheios? Porque eu não me canso desses garranchos? Quem é a pessoa que vejo quando me olho no espelho? Não sei ao certo dizer.
Um comentário:
crises existenciais?
...
nao sei ao certo dizer se estraguei tudo com esse comentário, pelo menos eu deixo hipoteses hahaha
=** jozi
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