quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

↕ Uma Vez é Única

O vento te acaricia e abraça. Não te pega no colo, mas se você fechar os olhos quem sabe consiga se sentir como a folha seca que dança e se exibe na tua frente, como se estivesse num salão no embalo excitante da voz do Morrison, enquanto alguém conduz teu corpo numa sintonia mutua e sussurra: “Hello, I love you. Won't you tell me your name?” E então você se pega pensando que para isso precisa de alguém que te guie e te faça rodopiar feito a bendita folha. Nunca se permitiu a ser guiada por alguém. Como nunca se permitiu a tantas coisas. Oh Deus, o quanto o clichê pode ser maravilhoso! Mas ser do contra sempre lhe pareceu mais conveniente. Nunca viveu as maravilhas que o “permitir-se” da música proporciona. Cautela e sensatez, suas amigas inseparáveis, que te paralisam e te impedem de rodopiar pelos salões do clichê. “Uma vez não conta, uma vez é nunca” – li isso certa vez em um livro. Eu, contesto! Pensar assim remete a idéia de que uma vez é nula porque as coisas se repetem, e que segundas chances são constantes e se multiplicam feito as gotas de chuva que caem do céu, o que não acontece. Chances são únicas, e não é com freqüência que batem na tua janela dizendo: “Hey baby, dê uma de Betty Balanço e vem com tuuudo!” E muito menos “te avisam quando for a hora”. Cara amiga Cautela, vá embora! Sei que essas coisas devem ser ditas com uma certa cautela, mas estou cheia de você, então sua partida é realmente necessária para que essa jovem moça permita-se sentir uma vez, ou quantas vezes quiser, o delicioso peso da consciência nas costas e uma mão grande em sua cintura que a transforme em uma folha de outono, no embalo ardente de uma noite de verão – olha o clichê Jozieli, tá aprendendo! E você senhora Sensatez, aumenta o som e dança conforme a música toca: Hello, I love you. Let me jump in your game.” Dance até se descabelar e aproveite o agora, porque o próximo segundo é incerto. É a maneira com que você se entrega e agarra as chances que te permite rodopiar numa dança ao som da sagacidade que sussurra: Come on baby, light my fire!” Um estalar de dedos basta para que o tempo cumpra sua missão, e no mesmo estalar a vida se encarrega de encaixar as coisas. Piscou, já era! Simples e sutil, assim. Como o tempo passa diante de você depressa, dançando feito a folha que te mira. Dificilmente a mesma folha dançará pra você uma segunda vez. Uma vez é tão única, tão rara, que se torna incontável. Uma vez não conta, uma vez é única.

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