Ela está ali, contemplando-se há longas horas.
Se olha como se estivesse decifrando seu corpo, em busca de encontrar em seu rosto mais algum traço da mãe.
Então ela desiste e decide encarar a progenitora.
Quanto mais a olha parece que ainda está lá mirando o espelho do fim do corredor.
Os mesmos olhos, as mesmas mãos, a mesma boca.
Não vê o mundo da mesma forma que a mãe, nem aprendeu a agarrar as coisas sem deixar com elas caiam ou se esvaiam entre os dedos e nem tão pouco fala o que pensa com a mesma sutileza que a juventude materna um dia deve ter tido.
Como podemos ser tão iguais e ao mesmo tão diferentes?
E mais uma vez me pego diante do espelho.
Não é vaidade e sim o medo de me descobrir.
Descobrir mais uma semelhança ou outra diferença gritante.
Você se lembra daqueles dias em que tínhamos tudo e nada tínhamos?
Sim, e lembro de como fazia longas tranças em seus cabelos e ainda podia te ter no colo.
Tínhamos tudo e nada tínhamos.
Tínhamos uma a outra.
O que vou ser na vida?
Não importa, temos tudo e nada temos.
Temos uma a outra.
E o espelho ainda está lá.
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