“Não sei se é o melhor, mas enfim.” E foi assim o sutil adeus que Maria deu ao seu Flautista. Maria e seu Flautista? Leia : “Maria e seu Flautista” leia de novo se preciso, e repare como essa frase é cômica, mas enfim. Equivoco meu dizer que ele era seu, mas enfim. O meu “mas enfim” repetido até agora quatro vezes com esta última, é para enfatizar o fim dessa breve história – e aviso de imediato, para evitar alguma frustração evitável, que você o verá diversas vezes no decorrer desse texto. O fato é que algo aconteceu entre eles naquela noite em que se cruzaram ao som de uma banda qualquer. E percebi que o estado era crítico quando certa manhã Maria sussurrou em meu ouvindo: “um anjo apareceu na minha vida, e tocava flauta”. Achei aquilo demasiadamente ridículo, da mesma forma que sempre achei ridículo o estado em que as pessoas se permitem ficar quando estão apaixonadas, ou seja lá a denominação que isso tenha pra você, que perde tempo, seu valioso e irrecuperável tempo, lendo isso. Então saia da frente do computador meu caro, e vá ler um livro, ouvir uma boa música, e se estiver chovendo experimente um bom banho de chuva e sinta o contato da terra com os seus dedos dos pés. E não tenha medo se em pleno estado de êxtase você se deparar com a cara feia da sua vizinha fofoqueira de olhos arregalados te olhando por trás do muro, e provavelmente pensando: esse mundo tá perdido! Permita-se a certas sensações, e depois me conte como foi. Enfim, eu poderia citar o meu top 5, porém não creio que seja interessante, mas enfim – dias atrás disseram-me que uma mulher deve ter seu top 5 de livros, músicas e filmes. Deve ter seu top 5 para tudo, e levar a tal lista no bolso, ou em qualquer compartimento, pois o top 5 é mais importante que peito ou bunda empinada. Eu não sei se contesto, acho que não! Os peitos e a bunda caem, o bom gosto pra livros, música e filmes só é aprimorado com o tempo, e é com uma pessoa assim que você deve perder seu tempo, sentado na varanda de uma linda fazendola, no embalo de uma cadeira de balanço enquanto assiste de camarote seus netos sujos de tanto brincar. De olhos fechados consigo ver a cena. Oh, que tocante!! “Não existe nada perfeito, e se existir algo o destruirá”. Frase dele. Depois de tantos flívolos "adeus" – e já foram tantas as vezes que Maria hesitou e não quis seguir adiante – ela constatou, com a minha ajuda, que não há nada que um bom café preto sem açúcar não seja capaz de curar. Se bem que passar a madrugada acordada pensando o que não deveria, ou em quem não deveria, não é a maneira mais sensata de curar o incurável, mas enfim. Café em demasia pode causar problemas cardíacos. Mas mesmo assim Maria beberá café, muito café, pois de alguma forma precisa sentir seu coração pulsar, e melhor que seja com café. Provavelmente morrerá de problemas cardíacos, mas melhor que seja por ter consumido muito café, do que por ter se deixado apaixonar. E por pensar assim ela disse adeus para o seu Flautista, e em seguida bebeu uma xícara de café. E me disse a pouco que continua sem saber se foi o melhor, mas enfim. Eu lhe pergunto: – é, pergunto para você que continua lendo isso e não desistiu, falta pouco, já que chegou até aqui sem pegar no sono agüente mais algumas linhas – quem sabe o que é o melhor? Todos procuram pelo melhor, mas o reconhecem quando o encontram, ou simplesmente dizem adeus? Maria não sabe, nem eu. Então vou parar por aqui e vou fazer um café. Chamarei Maria para tomá-lo comigo. Mas deixo para você minha última pergunta antes que eu de fato lhe diga adeus: Amor ou café, qual a melhor causa de morte cardíaca para enfeitar seu óbito? Essa eu respondo: Eu prefiro café! Não sei se é o melhor, mas enfim.
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