“E ao que iremos brindar? A nossa juventude! A vida! E que a gente lembre disso daqui uns anos, e possamos estar juntas! Juntas, para sempre!”
É a viciosa e excitante mania de almejar – com todas as forças que as pernas capengas possam agüentar e a voz trêmula consiga soltar – o tal para sempre.
As pessoas cometem a proeza de fazer com que a magia das coisas se esvaiam feito água – vinho seria melhor, mas é muito desperdício, então deixamos assim – quando impõem o para sempre sobre as coisas. Mulheres principalmente o fazem.
A essência não é o tempo com que as breves histórias duram, e sim a intensidade com que acontecem. E o porquê delas. O porquê das breves histórias é digno de uma breve citação. As voltas que a vida dá, feito uma saia rodada que se exibe nos salões do clichê. As surpresas que ela leva e trás. Esses porquês nos acompanharão para sempre! E encontrar as tais respostas desses porquês é o ápice do morro cujo é possível enxergar a cidade iluminada. E elas estão ali.
Mas o para sempre brindado por elas não é o manjado constantemente por aí. E a garrafa é lançada, mas não quebra. Dentro dela, como se fosse uma daquelas cartas lançadas ao mar, estão sendo lançados morro a baixo todos os seus mau anseios. Mas não quebram.
Quem nos matará? Quem nos afagará? Quem nos beijará? Quem nos deixará?
Que seja eterno enquanto dure? Não, que dure eternamente, diz a voz da insanidade.
Três corações pulsando no mesmo compasso. Dançando no mesmo passo. Nesse instante, Beatles viram The Who.
E que o para sempre dure o tempo necessário para que possamos ouvir a música que alguém um dia fará em nossa homenagem.
Essa é a essência do para sempre desejado por elas naquela noite: Ser lembrado quando uma música toca, e com ela poder sentir o toque ou o cheiro de alguém ausente.
Que haja alguém no mundo destinado a ser nosso – nosso no sentido: cada uma com o seu, e de preferência que não seja o mesmo, por favor! E não precisa ser para sempre. Basta ser intenso ao ponto de ser lembrado para sempre!
Que nos ame. Que nos mate. Que nos afague. Que nos beije. E quando o para sempre chegar ao fim, que nos deixe.
É, vá embora para longe, mas que tenha a decência de um gentleman e deixe de recordação uma garrafa de um bom vinho, de preferência de uma safra boa.
Se vão os amores, ficam os textos e os porres!
Que os amores nos deixem o que brindar, e que essas três garrafas permaneçam sem serem quebradas, juntas para sempre.
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