O quanto tudo mudou. A casa antes agitada se tornou escura, habitada
por móveis empoeirados. O quintal há tempos deixou de ser cuidado e as árvores
nele estão velhas, secas e sem vida. Inevitavelmente, me vejo igual a este
quintal. O amarelo da fachada da casa deu lugar a cor alguma. Nossos livros enfeitam
a estante junto aos nossos vinis; objetos cheios de lembrança, que desde que
você partiu, não saem do lugar. A verdade é que muita coisa foi esquecida. Mas
quando revisito nossas fotografias, reafirmo que a nossa história permanece
inteira na minha memória. E se eu fechar os olhos consigo te ver como no
primeiro dia, na primeira vez; e lembrar de cada momento. Nos últimos anos,
suas mãos estavam tão cansadas, seu rosto flácido e os cabelos perderam a cor.
Porém, você continuava linda. Quando fecho os olhos a noite, esperando que a
morte venha me buscar, sinto um leve peso sobre mim. Nesses instantes tenho a
impressão de que você está ali, dormindo em meu peito. Sabe, queria poder
voltar no tempo, quando eu, com zelo, ainda podia lhe proteger. E então eu
balbucio baixinho: volta pra casa. Mas você não vem. E agora a casa está vazia,
mas o teu cheiro continua aqui.
Um comentário:
Hey! Que demora para atualizar o blog, hein? Está mais do que na hora de brotar mais um escrito. Aguardo!
He he.
Postar um comentário