domingo, 10 de maio de 2009

O quarto é escuro. Nele, há uma mistura de suor e perfume doce no ar.


Ele a olha como se esperasse ver seu rosto. Ela não percebe, tem os olhos fechados. Ela está alerta a tudo o que acontece lá fora, nos diálogos vindos da rua. De repente ele diz: eu te amo. Depois sua respiração fica ofegante. Seu corpo é terno, quente. É tanta, tanta ternura meu Deus! Ela não responde. Poderia dizer que também o ama, ou que não sente nada, mas fica calada. Ele está trêmulo, torcendo para que apenas tenha pensado em dizer, ou que ela não tenha ouvido. Então ela compreendeu. Ele nunca a conheceria. Jamais seria capaz de conhecer tanta perversidade.


A ela compete jamais esquecer as fragrâncias. Dar corda na vida, permitir que seus ponteiros antecedam os segundos que se esvaem. Como um colecionador de perfumes.

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