quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A marcha

Para Talita Kroetz


Muda voz do mundo oco e surdo que não ouve o som dos passos vagarosos, ecoado pelas pessoas que marcham nas ruas; em fila, clamando caladas por nula lição.


Apenas nós ouvimos. Eu sei que você, assim como eu, escreve em linhas incertas impulsionada pela certeza do saber. E em cada letra torna busca achar respostas; e desenha no papel um sorriso desbotado para digerir tanta hipocrisia.


Que astúcia do tempo é essa, que faz da ingenuidade cria sedenta da burrice? Quem é o maestro que ensaiou tão bravamente o coro das frases feitas? Quem pintou o mundo com uma cor assim tão triste?


A verdade, minúscula e insignificante, como um grão de poeira perante o interesse coletivo, quando cai em nossos olhos arranha, provoca incomodo, e nos faz cambalear diante dos fatos. Mas, por quê? É desse incomodo que provém o desfile de homens e mulheres; que lá fora seguem em passos lentos, vendados, em uma marcha sem fim.

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