Na horta das horas eu apenas espero.
Ensaio os traços de uma mulher melhor e a folha continua
Se minhas lembranças não ardessem como brasa e tampouco minhas palavras fossem espinhos, certamente eu chegaria a uma conclusão plausível dos passos que dei até aqui, sem sentir cansaço ou asco. E enquanto estou aqui esperando o tempo passar, o vento traz diante de mim a clareza, no colo de uma folha verde que rola lentamente pelo chão do verão, até tocar meus pés. No verde da folha está gravado com letras de forma: preciso de você, Deus. Tremo. Nesse instante inicio uma série de suplicas e confissões para o invisível:
“Firo, mas juro, não é proposital. Sou cruel, incrédula, mas sei amar, você sabe que eu sei. Mas se mesmo amando continuo ferindo, é porque preciso de você. Preciso que você volte a morar em mim, como quando eu era criança, mesmo que seja apenas para permitir que eu durma
Ainda aqui, na horta das horas, eu apenas espero.
Um comentário:
Atíria é o personagem principal do livro "O caso da borboleta Atíria", que é uma fábula e tem pitadas de suspense (lembra um romance policial, instigante quando se tem 10, 11 anos de idade. Um dia pretendo lê-lo novamente). Atíria é uma borboleta que mal pode voar, pois tem um defeito nas asas. Ai eu pergunto: quantas Atírias temos por ai, ainda acuadas em suas crisálidas ou sem poderem/saberem usar suas asas? (...)
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