domingo, 28 de fevereiro de 2010

Balada do louco (azul escuro)

Tá com tempo pra um café? Tempo(?), essa fazia tempo. Na verdade não, mas adoro café e esse crachá tá me pesando no pescoço. Queria falar umas coisas com você. Pode falar. A gente pode continuar assim? Assim como? Assim, fazendo um diálogo na mesma linha. Ah, claro... Quem se importa? Na verdade muita gente se importaria. Não, mas eu digo: “quem de nós dois se importa?” Ah, se é assim... nenhum.

Me diz uma coisa, tu já se sentiu próxima da loucura assim__________? "Loucura", não de chegar a experimentá-la, mas de conseguir vê-la e entendê-la. Tipo, ver as borboletas azuis e negras, mas não tocá-las? É. Já. Poisé, eu tô assim há algumas semanas. Eu entendo, tem até um livro que fala disso, que na verdade os loucos são os mais lúcidos, “Elogio da loucura” é o nome. Aliás, sempre achei que o Arnaldo escreveu “Balada do louco” por causa desse livro “mas louco é quem me diz que não é feliz”. E o Machado abordou isso, ironicamente, em "O Alienista". Ok, vai ver eu entendi esses livros da forma errada... chega, parei. Para, eu gosto disso em você. Mas sabe, a questão é que eu me sinto a pior pessoa do mundo vendendo o tempo da minha vida por dinheiro! Quer ver, eu cheguei a anotar pra te mostrar... guardei no bolso, espera_______________. Aqui está:


"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido." - Dalai Lama


Li isso e fiz um texto mega niilista hoje. Tá bem, eu sei, eu sou um porre com esse papo de niilismo né, mas fazer o que se eu me divirto escrevendo e argumentando sobre assuntos como se eles fossem de importância vital, sendo que a importância deles é ínfima. A verdade é que somos céticos demais, lúcidos demais. É, com uma loucura tão próxima a gente se sente menos sozinho no mundo. Nossa, essa frase é de quem? Qual? Essa que você acabou de falar. Ué, é minha. Bem, eu acho que é. Na verdade, eu não me considero louco sabe. Eu me considero consciente dentro da minha estupidez. __________________ você tem um cigarro? Não pode mais fumar aqui. Ah é, agora tem mais isso. Tá vendo aquele cara sentado sozinho no outro lado da rua? Claro que sim, não sou míope. Quando você olha pra ele, você se sente bem ou mal? _________________ não sei. Pois eu meu sinto bem pra caralho! Na verdade, quando vejo alguém sozinho me sinto acompanhado. Por isso nos damos tão bem, porque pintamos os nossos céus da mesma cor. Que bonito isso... E que cor é? Azul? Não sei... Azul é feliz né? É, pensando bem acho que azul é meio feliz. Mas, de qualquer forma, tem que ser azul_________________. Não sei, ainda acho que azul não soa bem.

Parece que a gente tem uns 60 anos sabia? Não sei, geralmente as pessoas com 60 tomam chimarrão e jogam canastra. Não ficam sentados na calçada escolhendo a cor dos seus céus. É... Odeio chimarrão. E canastra? Canastra também. Você percebeu que quando eu tomo o rumo da conversa ela fica absolutamente desfocada, sem nexo e desinteressante? Não acho desinteressante. Que alívio _________________. Tenho que ir trabalhar, você viu meu crachá? Não, acho que você colocou no bolso. Verdade. _________________ azul escuro! Quê? O céu, nosso céu _________________azul escuro me parece aceitável. Azul escuro então? Concordo, azul escuro.

Um comentário:

Rodrigo Mello Campos disse...

Uau, estou sem palavras ____________