sábado, 29 de novembro de 2008

↕ Quando as estrelas começarem a cair

O céu cor de rosa e o sol se pondo eram indícios de que a noite ameaçava chegar. O velocímetro marcava 120km/h. No porta malas haviam lamúrias, sonhos e medos; guardados nas malas de mão daqueles que ocupavam os bancos empoeirados do opala 68 de capô branco e laterais pretas. Resolveram, enfim, ir embora. Um lamuriando o que não fez; Outra o que não pode fazer; E outra por não saber o que fazer; Algumas lágrimas rolaram e se perderam nos buracos da BR. Alguns conselhos tortos e piadas sem graça foram ditas. Horas depois eles perceberam o quanto estão à frente da mesquinhez e do preconceito nojento que paira nas latrinas da cidadezinha conservadora que deixaram quilômetros atrás. Acharam que haviam enlouquecido ou cegado; mas não, são os poucos que ainda enxergam. As horas passaram e eles pegaram a estrada de novo. O carro é estacionado para que nessa hora eles pudessem ouvir o canto da sereia. Mas a sereia era muda. O céu que estava lindo começou a assistir suas estrelas partindo; ia amanhecer. Amanheceu. Ninguém viu. Temeram a profecia que prega sobre a noite em que estrelas começarão a cair. “Quando as estrelas começarem a cair me diz, me diz, pra onde a gente vai fugir?” Todos em coro entraram num consenso, "Vamos voltar pra casa".

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