quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Onze noites com Hercule Poirot

Minha sombra pelo quarto me fez grande, me vi como um pequeno gigante. Sentei no canto da cama, cruzei as pernas - esmaguei o medo diante delas. Então apreciei de camarote.


Seios nus, mãos entrelaçadas; indícios claros de que o “feito” já estava feito. Cheguei tarde. Mas mesmo com o atraso, encontrei o que me propus a encontrar.


Os dois estavam dormindo. Tolos! Minha revolta se dá devido ao xeque-mate consentido. Inadmissível. A questão é que quando inertes em nossos sonhos, nos envolvemos numa densa vulnerabilidade. Explico: Enquanto dormimos não conseguimos manter a máscara no seu devido lugar. Tampouco esconder a fragilidade contida no interior da carcaça. Fragilidade que quando as pálpebras selam e o sol se põe, sai saltitando âmago a fora, e aflora! Tinhosa, como aquela flor que só floresce no anoitecer, enquanto o repouso pousa nos peitos, nus, dos seus admiradores. Por isso, só os boêmios conseguem mirar sua beleza. E cambaleando encontram repouso no colo de alguém, até morrerem de amor – sem paz alguma.


Fico em pé e com passos curtos tomo postura. Dou as costas e sigo meu caminho com imensa gastura, pois dei as costas para a certeza do querer. “Quero provar esse falso gozo!”. Nem que isso me faça mais uma cega cambaleante, amante, dessas que cessam somente ao repousar no colo de alguém; para então, enfim, morrer de amor.


Mas ainda estou vivíssima e hoje não dormirei sozinha. Hercule Poirot me espera, boa noite.


4 comentários:

Unknown disse...

Uau...a noite promete então! :D

Da uma olhada...
www.ladoescurodotempo.blogspot.com

Rodrigo Mello Campos disse...

que deoidera jozi...


gostei

até

It's my life disse...

estou acompanhando sim querida ;D beijoss

Vani disse...

Hahaha... obrigada pela lembrança de Poirot. Ai! Preciso tomar um pouco do ar das literaturas normais...