"É no samba de roda, eu vou
No babado da saia eu vejo
A morena girando a renda
É prenda pro seu orixá."
Girando a renda – Que belo estranho dia para se ter alegria (2007)
A primeira vez que ouvi Roberta Sá foi na música “Dê um rolê”, do disco “Fatal”, da Gal Costa. “Não se assuste pessoa, se eu lhe disser que a vida boa”. Fiquei anestesiada, encantada. Teve uma época que era regra para mim ouvir essa música todos os dias (preste atenção na letra dessa música quando puder). A gravação era ao vivo, e não faz parte de nenhum dos seus álbuns. “Eu sou, eu sou, eu sou o amor da cabeça aos pés!”. O que me chamou atenção, num primeiro momento, foi a força da sua voz. Me lembrei de Elis.
Tratei de descobrir quem ela era. É fato que quem nasce em 19 de dezembro esbanja talento (hahahahaha). Em suma ela é assim: uma mescla de samba, pagode e MPB. A cantora nascida em Natal e criada no Rio de Janeiro, no seu primeiro álbum propriamente dito “Brasileiro”, datado de 2005, contou com participações de feras como Ney Matogrosso, Chico Buarque, Marcelo Camelo, entre outros. No ano anterior, Roberta havia gravado um álbum promocional, chamado “Sambas e Bossas”, composto por clássicos da MPB. Ai em 2007, Roberta lançou a sua obra-prima: “Que belo estranho dia para se ter alegria”. Aliás, enfio garganta abaixo esse álbum sempre que posso, quando alguém recorre a mim pedindo alguma música: “pus no seu pendrive uma tal de Roberta Sá, conhece?”. Mas não poderia ser diferente, assim como em Brasileiro, Roberta em Que belo estranho dia para se ter alegria traz lindas composições, inéditas e regravações, de compositores brasileiros da atualidade – parece mentira, mas ainda temos compositores de música popular por aqui, e bons compositores.
Se Tiê é mais “modesta”, diria assim no quesito instrumental, Roberta usa e abusa, encrementando as composições com um bocado de ousadia. Mas não vamos aqui avaliar um folk-brasileiro (??) com MPB e afins. Foi só um parecer, parei.
Ouço Roberta Sá e acredito que é possível sim que novas gerações produzam música de qualidade no Brasil, como as de outrora. Qualidade não só instrumental, mas no conteúdo das composições. Sem ficar pintando o cabelo de loiro e rebolando ao som de um inglês mal pronunciado e músicas sem nexo, sem melodia. De uma coisa tenho certeza, se Policarpo Quaresma vivesse hoje, ouviria Roberta Sá no seu mp4.
Baixe Que belo estranho dia para se ter alegria aqui ó.
Roberta Sá interpretando “Novo Amor”.
Quando letra e melodia casam, o resultado só pode ser esse. Essa música faz parte do repertório de Que belo estranho dia para se ter alegria, e é uma das que eu mais gosto do disco. Usei sua introdução para um documentário radiofônico. “Só você pra gostar de música de cangaceiro”, me disseram. Hahaha.
Um comentário:
Ela é do samba mano...
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