quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Paranoia

Isso não vai passar, vai ser sempre assim. Sofro de lucidez crônica, por isso navego numa busca constante. Busco pra continuar viva. "Sete horas da manhã, levanta e vai buscar a conquista do dia", é o mantra que recito calada todas as manhãs, exceto aos domingos e nos feriados - domingos e feriados foram feitos para o ócio, e o ócio não merece maquiagem, tampouco buscas incessantes. Buscar o quê? E depois que eu alcançar o que tanto busco? Continuo buscando. Dia desses leram minha mão e, numa quiromancia menos leiga que a minha, disseram num sotaque nordestino, sem nenhuma sutileza: “isso não vai passar, vai ser sempre assim”. Então me aquietei. É, em vez de entrar em desespero, fiquei tranquila. Verdades as vezes vêm com tapas na cara, mas depois trazem um calorzinho digno de dias mornos, mesmo que no céu não haja sol. O sofrimento é opcional. Houve um tempo que essa minha lucidez tinha um caráter paranoico. Essa paranoia brotava sem cerimônia pelos meus poros - principalmente em periodos de mudanças hormonais dignos de todo mês. A paranoia foi embora e deixou a consciência critica. Desde então, não durmo. É uma consciência critica que não me deixa dormir. Explico: Eu, aquela do nome ruim, sofro de lucidez crônica, logo, sofro de insônia. Por favor, não confundam minha lucidez com paranoia.

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