terça-feira, 25 de dezembro de 2007
↕ As Paredes
Quando as paredes estavam em pé, o lugar foi uma espécie de pavilhão onde aconteciam velórios. Há doze anos atrás, uma menina pálida de cabelo dourado e longo, levemente cacheado nas pontas descia de um carro e se deparava com as mesmas paredes, até então inteiras. As paredes eram fortes, gigantescas perante Ela. Ela temia, não queria entrar, mas foi inevitável. As paredes estavam em pé, Ela desmoronava. Chovia, ventava, o dia não poderia ser mais triste. Talvez se o céu estivesse azul, e pássaros dançassem nele, as coisas teriam sido menos difíceis. Mas seria uma hipocrisia. Ela não entendia direito o que estava acontecendo. Tinha viajado horas e horas e estava exausta. Seus olhos amendoados estavam sem o brilho. E em breve o cabelo perderia a cor, e a sua palidez se tornaria mais forte. Ela sabia que as coisas mudariam, que as coisas tinham mudado nas últimas horas. Sabia que lembraria daquele dia para sempre, e sabia também que teria que fingir que tinha o esquecido, se quisesse ser forte. Ela tinha que ser forte. Buscar força em um lugar até então, desconhecido. Nesse dia ela aprendeu que as coisas se perdem. Nesse dia ela aprendeu que as perdas geram mudanças.. Doze anos mais tarde, ela volta no mesmo lugar. Se depara com as mesmas paredes, só que agora desmoronadas. Ela esta de pé. Venceu o tempo, aprendeu a se esconder quando quisesse chorar e lembrar daquele dia. Encontrou a força e a guardou, a cultivou. Ela mudou. As paredes mudaram. Ela esta em pé. As paredes desmoronaram.
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