Num sonho, Ela lhe deu a flor, que era a última. Ela jurou nunca mais voltar lá. Enquanto Ela seguia o mesmo caminho, a brisa do vento batia em seu rosto. Vento morno, sensação de uma insustentável leveza. Cabeça baixa, olhos que miravam o chão. As folhas secas dançavam na rua entre os seus pés, como se estivessem felizes pelo seu retorno. Lembrava do caminho, da mesma forma que lembrava do sonho que não foi seu. Ela jurou que nunca mais lembraria. Ela jurou que nunca mais sonharia. Tudo em vão, pois por mais que repudie, o sonho dorme e acorda ao seu lado. Todas as noites, Ele sempre está lá. Há algum tempo, Ela jurou que nunca mais o deixaria passar a noite, ao seu lado. Mas quem pode decidir o que sonha? Na tentativa de manipular seus sonhos, tentou não sonhar com sonhos alheios, pois acreditava que se não sonhasse, não lembraria. Acordaria todas as manhãs e não olharia para o lado. Não o veria, o esqueceria. Ela jurou que nunca mais lembraria do sonho. Dias e dias, Ela conseguiu. Ela esqueceu o sonho. Porém, em uma manhã ao despertar em sobressalto, Ele acordou do seu lado. O sonho, o mesmo. A flor, a mesma. A rosa branca que Ela um dia, lhe deu. “Essa era a última flor”, foi o que Ela disse. A flor que era a última, vem seguida por um beijo. O último beijo. Ela jurou que nunca mais sonharia. Mas quem pode decidir o que sonha? E Ela sonha. E continua jurando, em vão.
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