terça-feira, 25 de dezembro de 2007

↕ Deixar de Amar

“Até que a morte nos separe, meu amor.” Literalmente, quanta sandice! Não generalizando, mas na maioria dos amores intitulados eternos, o amor acaba antes mesmo que um dos lados reumáticos estique as canelas. É, a vida é realmente cruel. O cruel na verdade é deixar que a vida, ou a morte, separe um amor. Eu conheço pessoas que continuam amando seus parceiros, mesmo depois da visita da senhora Morte. Estranho? Não, eu diria raro. E é assim que as coisas deveriam ser. Não me refiro a empalhar o defunto e deixá-lo na sala sentado na poltrona com a tevê ligada, como se o coitado fosse um zumbi. Me refiro ao fato das pessoas acharem justificativa para tudo, nesse caso colocar o peso todo nas costas da morte. A morte é inevitável, e é uma das poucas certezas que temos sobre o futuro. A morte não é cruel, ela é necessária. Uma ponte de transição. É fácil dizer isso quando ainda não morreu – HAHAHA, faz-me rir com tamanha idiotice, Jozieli! Ou mais fácil quando nenhum de seus amores platônicos ou romances efetivos, partiu dessa para melhor. Já tive perdas, já chorei e já quis morrer, melhor, explodir o mundo – que o Pentágono não tenha conhecimento destas últimas palavras. Nunca perdi um amor, apenas nunca tive um. Melhor não ter do que perder. É incrível a facilidade das pessoas em se intitular apaixonadas, completamente entregues ao amor verdadeiro. Santa hipocrisia. Mas voltemos à morte que separa os tais “Amores-Eternos”. Ela não deveria separar amores. Também não sou tola nem hipócrita a ponto se dizer que é possível manter contado com alguém depois de morto via uma conexão celestial, ou infernal. A morte separa, embora não devesse. O hilário é que as pessoas a usam como justificativa. Antes mesmo dela chegar, já estão a chamando. Somente os corajosos continuam amando mesmo com a chegada da morte. Somente os insanos e dementes amam, sem se preocupar com a morte, pois apenas amam enquanto estão vivos. Corajosos, insanos e dementes. Pois quem ama tem que ser corajoso o bastante, insano ao extremo e muito, muito demente! O amor é isso: raro e insano. “Como pode alguém ser tão demente, porra-louca, inconseqüente e ainda amar?” – sábio Cazuza. Eu mesma diria de outra forma: Como pode alguém ser tão demente, porra-louca, inconseqüente e deixar de amar?

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