segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Quase Policarpo

“Se todo homem deve ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro, eu já fiz tudo isso”, brinca o professor aposentado Evaristo Castanha, que aos 74 anos esbanja bom humor e disposição. Vocês talvez não façam ideia de quem estou falando, mas os que beiram os 20 anos, assim como eu, certamente receberam na escola mudas de Pau-Brasil quando o Brasil completou 500 anos. Lembram? Pois então, o responsável pelas mudinhas é o professor Evaristo, que motivado pelo patriotismo realiza na cidade de Francisco Beltrão o “Projeto Pau-Brasil do Sudoeste do Paraná”, que viabiliza o cultivo e a distribuição de mudas da árvore símbolo do Brasil para crianças da rede de ensino pública da região sudoeste do Paraná.


Quem vê a emoção e a satisfação estampadas nos olhos do homem grisalho que analisa atento as folhas de uma árvore de Pau-Brasil que plantou há cerca de nove anos, e que agora já o ultrapassa em altura, consegue entender o que esse trabalho representa para ele. O professor Evaristo começou o projeto em 2000, ano em que o Brasil comemorou 500 anos. “No começo do Projeto, consegui uma única muda de Pau-Brasil, que veio de São Paulo, e desta cultivei outras. Então resolvi distribuí-las para os alunos da rede municipal, para que as crianças tivessem a oportunidade de conhecer a árvore símbolo nacional”, relembra. Na ocasião, foram distribuídas 500 mudas da árvore para as escolas da região sudoeste do Paraná. O projeto é desenvolvido através de um convênio entre o Viveiro Municipal de Francisco Beltrão, instalado junto ao Parque Irmão Cirilo (local onde são cultivadas as mudas), em parceria com o Instituto Ambiental do Paraná (Iap).


Outra fase do projeto está quase concluída. Evaristo registrou seu conhecimento sobre a árvore no livro “O Pau-Brasil, do Oriente ao Sudoeste do Paraná”, que tem publicação prevista até o final deste ano. Segundo o eterno educador – que traz nos seus traços características do personagem de Lima Barreto, Policarpo Quaresma – o livro é uma continuação do projeto, e mostra a história do Pau-Brasil de forma sintética, como o próprio título sugere: a trajetória da árvore, do oriente até o sudoeste do Paraná. “Eu não fui só professor, eu fui um educador e sempre me preocupei com a educação do aluno, em todos os campos da vida humana”, revela.


Quando se fala em cidadania, os dizeres geralmente soam utópicos, não? Mas o professor Evaristo é um bom exemplo de que é possível sim a realização de ações que visem algo fora da órbita do nosso próprio umbigo. Então, que tal seguirmos esse exemplo?

Um comentário:

Vani disse...

Na minha escola teve até poesia... lembro que a minha foi assim:
'antigamente os portugueses
vieram para o nosso litoral
tiraram nossas riquezas
pensaram que o índio era um animal'
kkkkkk
Até me inspirei a escrever (05:24 hras) alguma coisinha...